Artigo na revista Nature, publicado por pesquisadores da UFES, descarta alternativas à Matéria Escura

O grupo de pesquisadores da UFES demonstrou que hipóteses alternativas à misteriosa matéria escura não estão de acordo com as observações, reforçando a necessidade da existência dessa substância para entendermos o funcionamento do universo. Para chegar a essa conclusão, eles utilizaram dados de última geração obtidos com uma combinação de telescópios espaciais e terrestres, analisando cuidadosamente a atuação da força gravitacional em galáxias e demonstrando que apenas a presença da matéria escura poderia explicar o seu comportamento. Os resultados do trabalho, feito em colaboração com pesquisadores na Itália e no Irã, serão publicados nesta segunda-feira, dia 18, na prestigiosa revista Nature Astronomy.
 
A matéria escura é um dos grandes mistérios investigados por cientistas. Embora não sejamos capazes de detectá-la diretamente, ela é usada para explicar diversos fenômenos observados no universo, como por exemplo o movimento do gás em galáxias. As estrelas ali presentes não seriam capazes de gerar uma atração gravitacional suficiente para explicar o movimento do gás, e a solução proposta é a existência de uma matéria invisível, quase 10 vezes mais abundante que a matéria normal.
 
A principal hipótese usada por cientistas como alternativa à matéria escura prevê uma modificação da própria lei da gravidade, proposta por Isaac Newton há mais de 300 anos e refinada por Albert Einstein com a Relatividade Geral. Segundo esse modelo, a força da gravidade funciona de forma distinta em partes diferentes da galáxia, sendo mais intensa que o previsto por Newton e Einstein para regiões onde a gravidade seria, em princípio, muito fraca.
 
A equipe estudou cuidadosamente a distribuição de estrelas e o movimento do gás em quase 200 galáxias próximas à Via Láctea. Eles demonstraram que a proposta alternativa necessita de ajustes individuais de galáxia para galáxia, o que está em desacordo com o próprio modelo de modificação universal da gravidade. “Essa é uma das evidências mais contundentes já encontradas para descartar as teorias alternativas à matéria escura”, diz o Prof. Davi Rodrigues, líder do estudo e professor na Universidade Federal do Espírito Santo. Segundo ele, apenas algumas galáxias já seriam suficientes para desacreditar o modelo, mas a combinação de todas as 200 galáxias faz com que a probabilidade de que esta teoria esteja correta seja menor que 0.000000000000000000001%. “Apostar nessa teoria alternativa como ainda viável é uma das piores apostas que alguém pode imaginar hoje em dia”, diz Rodrigues.
 
No entanto, o pesquisador afirma que ainda há muito a descobrir sobre a natureza da matéria escura. Ainda que ela exista, não sabemos do que ela é feita. “Esperamos detectá-la diretamente em um laboratório, mas talvez ela seja bem diferente do que hoje imaginamos.”
 
Absence of a fundamental acceleration scale in galaxies
Rodrigues, D. C. et al., Nature Astronomy
DOI 10.1038/s41550-018-0498-9
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Autores
Davi Rodrigues (davi.rodrigues [at] cosmo-ufes.org)
Valerio Marra (marra [at] cosmo-ufes.org)
 
Fonte: Sociedade Astronômica Brasileira (SAB).
 
 
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